Ando tão ausente, de forma que nem mais me reconheço. Ando nas ruas desligada, como se minha tomada tivesse sido arrancada. Estou ausente 'comigo, com todos'. Esqueço tudo, às vezes até meu nome. Só não esqueço de viver, mesmo que esteja difícil. Estou tentando sobreviver! Neste momento leio “Aprendendo a viver”, da minha querida Clarice Lispector. Ela é tão fantástica que escreveu uma de suas crônicas para mim, a “É preciso parar”. Ela é pequena e diz tudo: “Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim – enfim, mas que medo – de mim mesma”. Neste texto eu encontro muito mais respostas que imagino. Parece que não nasci para correria. Minha forma tradicional e romântica de viver não combinam com a robotização que o mundo está caminhando. Mas ‘pêraí’, eu estou indo pelo mesmo caminho. Não quero! Não desejo me aprisionar, sou livre, livre para am...